Silenciosas, hepatites virais podem causar cirrose e até câncer
Por Fernando Garcel
No dia 28 de julho é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, uma data da Organização Mundial da Saúde (OMS) com objetivo de aumentar a conscientização sobre essas doenças que afetam o fígado e representam um sério problema de saúde pública em todo o mundo. De acordo com dados do Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, 718.651 casos confirmados de hepatites virais no Brasil de 2000 a 2021.
As hepatites virais são causadas por diferentes vírus, incluindo os tipos B, C e D, que podem levar a uma forma crônica da doença e, em casos mais graves, evoluir para a cirrose e até câncer de fígado, o hepatocarcinoma.
Segundo a médica hepatologista do Centro de Cirurgia, Gastroenterologia e Hepatologia (CIGHEP) do Hospital Nossa Senhora das Graças, Dra. Cláudia Ivantes, a detecção precoce dessas doenças muitas vezes é desafiadora, pois os sintomas tendem a aparecer apenas em estágios avançados e por isso que a realização de testes, especialmente em pessoas com fatores de risco, é crucial para o diagnóstico precoce.
“Pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1994, usuários e ex-usuários de drogas, moradores de rua, pessoas que fizeram tatuagens ou que compartilharam objetos perfurocortantes são indivíduos que fazem parte do grupo de risco e devem obrigatoriamente realizar exames para detecção das hepatites B e C”, explica a hepatologista.
Ainda que silenciosa na fase crônica, na fase aguda as hepatites virais podem apresentar sintomas como mal-estar, fraqueza, dor de cabeça, febre baixa, falta de apetite, cansaço, náuseas, desconforto abdominal, icterícia (olhos e pele amarelados) e urina escura.
Transmissão, prevenção e tratamento - A Hepatite A tem transmissão oral-fecal, sendo que a qualidade da água, saneamento básico e as boas práticas de higiene na manipulação de alimentos previnem a doença, além da vacina. Em geral, o corpo se recupera sozinho e elimina a infecção após a fase aguda da doença.
As Hepatites B e C têm transmissão sexual e sanguínea, costumam ser silenciosas na forma crônica e acabam sendo descobertas quando a doença já está muito evoluída.
“A incorporação pelo SUS de novas terapias e inclusão de todos os pacientes com diagnóstico positivo para hepatite C no tratamento, está mudando o quadro epidemiológico dessa doença no Brasil, pois o arsenal medicamentoso disponível hoje apresenta altos índices de cura (superior a 95%) e grande facilidade posológica que tem se mostrado eficaz no combate à doença”, destaca a hepatologista.
Ela também ressalta que a hepatite B possui uma vacina eficaz disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), que tem sido responsável pela redução nas notificações da doença. Mas, em casos de indivíduos já infectados, existe tratamento para evitar a progressão da doença e o comprometimento hepático.
No caso da hepatite Delta, que está sempre associada a infecção pelo vírus da hepatite B, a prevalência é alta na região amazônica e também pode ser prevenida através da vacinação contra o vírus B.
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