PR cria grupo de trabalho para debater ações integradas contra a obesidade
Por Fernando Garcel
A Assembleia Legislativa do Paraná promoveu, nesta quinta-feira (22), uma audiência pública de Ações Integradas para o Combate à Obesidade no Paraná. O objetivo é a formação de um grupo de trabalho multidisciplinar que irá propor estratégias e ações integradas de prevenção, tratamento e controle dos índices da doença no estado.
Segundo dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), do Ministério da Saúde, cerca de 70,7% da população paranaense está com excesso de peso, sendo 33,97% com sobrepeso, 22,47% com obesidade leve, 9,48% com obesidade moderada e 4,84% com obesidade mórbida.
O presidente nacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Antônio Carlos Valezi, disse que o Paraná se destaca por ser o estado que mais faz procedimentos bariátricos. “Os pacientes elegíveis são inúmeros, mas atendemos apenas 1% dos pacientes com indicação cirúrgica, até mesmo aqui. Estamos procurando aumentar o acesso a esse tipo de tratamento. O certo seria evitar que precisassem da cirurgia, por isso precisamos de atitudes políticas e médicas para que esse paciente não fique tão obeso”, disse.
“Vivemos uma realidade alarmante. As novas gerações podem ter uma expectativa de vida mais curta do que as anteriores, tudo por causa do avanço dessa silenciosa doença que é a obesidade”, afirmou Caetano Marchesini, ex-presidente da SBCBM e diretor de Tecnologia e Inovações da entidade.
O presidente da SBCBM no Paraná, José Alfredo Sadowski, destacou que o estado é o que mais realiza cirurgias bariátricas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas que não supre o problema da saúde pública. “Segundo pesquisa da USP, o valor gasto pelo SUS, em 2019, para o cuidado da obesidade foi de R$ 1,5 bilhão. Isso representa 22% do gasto anual direto com doenças crônicas não transmissíveis no Brasil”, aponta Sadowski.
Doenças Associadas
As doenças associadas à obesidade como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e cardiopatias também foram tema de debate.
O presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes no Paraná, André Vianna, citou que o diabetes afeta 17 milhões de pessoas, sendo que 90% dos casos são causados pela obesidade. “Por isso, o enfrentamento é de imensa importância. Hoje todas as diretrizes internacionais colocam o tratamento de obesidade como prevenção e tratamento do diabetes”, afirmou.
A endocrinologista e presidente do Instituto da Pessoa com Diabetes (IPD), Angela Regina Nazario, enumerou diversos males provocados pelo diabetes como cegueira, disfunção renal, sendo a maior causa de amputação não traumática, infarto, AVC, morte precoce e perda de anos de vida ativa do paciente. “Tudo isso com um custo exorbitante para o sistema de saúde, com trilhões de Dólares gastos no planeta. Portanto, é importantíssimo tratar a obesidade, antes de se tornar diabetes”, reforçou.
O presidente da Sociedade Paranaense de Cardiologia, André Ribeiro Langowiski, citou o impacto da obesidade nas doenças cardiovasculares. “Falando especificamente da obesidade visceral, aquela com aumento da circunferência abdominal, por mais saudável que a pessoa seja, há o aumento do risco cardiovascular”, disse. “Tanto o infarto quanto o AVC têm relação com processos inflamatórios. E o obeso é um indivíduo inflamado por natureza”, afirmou.
“É fundamental que a gente trabalhe unindo vários profissionais, várias estruturas governamentais diante da epidemia da obesidade, porque infelizmente os programas ainda estão falhando”, disse a professora e pesquisadora do curso de nutrição da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Regina Maria Vilela.
“O Brasil é o segundo país no mundo em número de academias, mas apenas o 7°, 8° na utilização desses espaços. As academias têm muito a contribuir no tratamento da obesidade, por ser um espaço de atenção primária da saúde”, citou o presidente do Conselho Regional de Educação Física no Paraná (CREF-PR), Gustavo Chaves Brandão.
Grupo de Trabalho de Ações Integradas de Combate à Obesidade
A audiência pública e a criação do grupo de trabalho foram propostos pelo presidente da Frente Parlamentar da Medicina, o deputado estadual Ney Leprevost, a partir de pedido da SBCBM.
“Eu fui procurado por um grupo de médicos que estão extremamente preocupados com o aumento da obesidade e das doenças relacionadas na população brasileira, como o diabetes, pressão alta, colesterol alto, doenças que se não forem tratadas precocemente podem matar. Então, vamos ouvir os mais conceituados especialistas no tema no Paraná em um grupo técnico que irá elaborar um projeto de lei com sugestões, propostas de conscientização em relação à prevenção da obesidade e também estabelecendo um protocolo padrão de tratamento”, explicou Leprevost.
Também estiveram presentes e assinaram o protocolo de criação do grupo de trabalho o presidente da Associação Médica do Paraná (AM), Nerlan Tadeu Gonçalves de Carvalho; o presidente da Comissão da Saúde da Câmara Municipal de Curitiba, vereador Alexandre Leprevost; a presidente do Instituto da Pessoa com Diabetes (IPD), Angela Regina Nazario; a presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM – regional Paraná), Maria Augusta Karas Zellas; o presidente regional da Sociedade Brasileira de Cirurgia bariátrica e metabólica (SBCBM), José Alfredo Sadowski; coordenadora de Saúde do Adulto, da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, Ana Maria Cavalvanti, além de dezenas de profissionais envolvidos no tema
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