Menos de 1% das cirurgias de hérnias abdominais feitas no SUS são minimamente invasivas
O número de cirurgias para correção de hérnias da parede abdominal realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de forma minimamente invasiva, com o auxílio da plataforma de videolaparoscopia, é de apenas 0.6% de acordo com os dados divulgados pelo DataSus.
Em 2021, foram realizadas no Brasil o total de 151.5 mil procedimentos com este fim, sendo 949 através da videolaparoscopia. Em 2022, período de recuperação da pandemia, a quantidade de cirurgias realizadas pelo sistema público teve um salto de 54%, chegando a 277.1 mil, sendo 1.820 minimamente invasivas.
O cirurgião e presidente da Sociedade Brasileira de Hérnia, Dr. Marcelo Furtado (SP), explica que as técnicas minimamente invasivas trazem uma série de benefícios para o paciente. “Na cirurgia por vídeo realizamos apenas três pequenas incisões [cortes] e temos a possibilidade de corrigir a hérnia através deles - o que reduz a dor pós-operatória e permite que o paciente volte para as suas atividades cotidianas de forma mais breve, reduzindo também o risco de complicações como infecção na ferida operatória”, explica.
O DataSus aponta que, de todos os tipos de hérnias abdominais, as hérnias inguinais (na virilha) são as mais frequentemente operadas com pequenos cortes no sistema público. Em dois anos, o SUS realizou o total de 434,6 mil cirurgias, sendo 340.955 eletivas e 93.713 de urgência, ou 27% do total.
O vice-presidente da SBH, cirurgião Gustavo Soares (MG), ressalta que na rede privada o cenário é diferente. “Com as estruturas disponíveis é possível realizar a maioria das cirurgias de forma minimamente invasiva. Hoje apenas casos complexos são feitos com o método tradicional, quando não há acesso à plataforma robótica”, ressalta.
O QUE SÃO AS HÉRNIAS - Trata-se de um defeito ou uma abertura nos músculos do abdome que permite que o intestino ou uma porção de gordura passe através dele. Ainda que hérnias possam ocorrer em muitos lugares no corpo humano, elas são mais comuns na parede abdominal, como explica Furtado. “Podem ocorrer em qualquer idade, mas, atingem principalmente os adultos. Como trata-se de uma abertura na musculatura o tratamento é exclusivamente cirúrgico, com exceção da hérnia de hiato [no estômago] que pode ser tratada com medicamentos”.
O ROBÔ NA CIRURGIA DE HÉRNIA - Para os pacientes com hérnias abdominais a plataforma robótica tem como principal vantagem permitir que casos complexos sejam operados de forma minimamente invasiva, o que proporciona ao paciente redução nos cortes e mais segurança. Essa tecnologia que ainda não está disponível no SUS ou planos de saúde, deve se tornar mais acessível com a liberação de novas plataformas.
Para Furtado, a tecnologia oferece mais precisão nos movimentos. “Ajuda a preservar as estruturas anatômicas e reduzir dor pós-operatória, sangramento e a presença de hematomas. O paciente também é beneficiado com a alta hospitalar precoce e retorno mais rápido às suas atividades cotidianas”, esclarece.
Hoje o Brasil já tem duas plataformas robóticas liberadas para uso em cirurgias, uma delas já tem mais de cem robôs operantes. Em 2021, foram feitas aproximadamente 24 mil cirurgias robóticas no país, de acordo com representantes do setor no mercado.
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